Gigante da Beira-Rio
Nascido das águas do Rio Guaíba, o Gigante da Beira-Rio foi cenário de partidas emblemáticas, das glórias aos fracassos do Internacional. No ano em que completa 50 anos de inauguração, o Beira-Rio ostenta fora de campo uma história de luta e perseverança, de dirigentes e torcedores, para construir o sonho do estádio próprio. Além de que, dentro do gramado, o estádio criou uma alma própria que ajudou a construir a história de muitos sonhos Colorados.
O dia 6 de abril de 1969 teve uma amanhecer um pouco diferente do comum na Porto Alegre daqueles anos. Logo às 6h da manhã, uma queima de fogos de artifício para ninguém botar defeito iniciou o domingo de Páscoa e ficou conhecido como a Alvorada Colorada, era o prenúncio de uma festa muito maior que mobilizou e deixou feliz a metade vermelha da capital gaúcha. Era o dia da inauguração do Gigante da Beira-Rio.
Um presente e tanto pelos 60 anos do Internacional completados apenas 2 dias antes. Mas a história da casa Colorada começou muito antes da inauguração oficial na vitória por 2 a 1 frente ao Benfica de Eusébio e que contou com gol de Claudiomiro, aos 24 minutos do primeiro tempo, como a primeira vez em que as redes balançaram e povo gritou gol no novo estádio.
No dia 12 de setembro de 1956, Ephraim Pinheiro Cabral, então vereador de Porto Alegre, apresentou um projeto para doação de uma área que ainda seria aterrada às margens do Rio Guaíba. O Sport Club Internacional recebeu não um terreno da prefeitura, mas sim uma porção de água. O apelido Beira-Rio, na verdade deveria considerar que o estádio nasceu da águas do Guaíba.
A complexidade da obra, que exigiu o projeto de aterramento da área, foi encarada pelo arquiteto Ruy Tedesco, que foi o responsável pelo planejamento, contou com a mão forte de um homem que devotou sua vida ao Internacional e dirigiu com clareza as obras: José Pinheiro Borda.
Borda foi o responsável por viabilizar a construção, do maquinário ao corpo a corpo com associados em busca de recursos para a obra. Foi idealizador da Campanha do Tijolo e dedicou os últimos anos de sua vida para tornar real o sonho da casa colorada. José Pinheiro Borda gozava de grande reconhecimento no clube, mas nunca aceitou ser presidente do Internacional.
Como presidente da Comissão de Obras, foi o espírito animador da empreitada Colorada. Infelizmente, Pinheiro Borda faleceu em 1965, quatro anos antes da inauguração do Beira-Rio.
Por isso, há duas homenagens a ele no estádio. A primeira é um busto de Pinheiro Borda, inaugurado ainda em 1967, em frente ao portão 1. Já no segundo momento a direção do clube decidiu batizar o novíssimo estádio com o nome do antigo entusiasta, assim o Beira-Rio é oficialmente Estádio José Pinheiro Borda.
O Gigante da Beira-Rio, inaugurado com mais de 110 mil lugares e como o terceiro maior estádio brasileiro, tornou-se um pilar de sustentação do Internacional que conquistou quase tudo que disputou reforçado com a aura do estádio.
Para se ter uma ideia, na primeira década de existência do estádio, o Internacional conquistou nada menos do que um octacampeonanto Gaúcho e o tri do Brasileirão que assombrou o país com o amplo domínio técnico que resultou na única, até hoje, campanha invicta da história do Campeonato Brasileiro.
A década de 1970 ainda revelou do Inter para o mundo um time abarrotado de grandes jogadores, dirigido por um gênio que atende por Rubens Minelli e um craque de classe maior chamado Paulo Roberto Falcão.
O craque, já consagrado e multicampeão, sempre foi extremamente leal ao Internacional. Em 1979, pouco tempo antes de deixar o clube rumo à Itália onde seria chamado de Rei de Roma, Falcão foi fotografado empurrando um carrinho de mão para ajudar nas obras de acabamento do estádio.
Depois de mais de 40 anos em que abrigou o Internacional, a diretoria Colorada decidiu reformar o estádio aproveitando o ensejo da Copa do Mundo do Brasil que se aproximava. Um grande projeto de remodelação foi iniciado e em 2014, o Inter reinaugurou sua casa vencendo o Peñarol por 2 a 1, com D’alessandro anotando o primeiro gol da nova era Beira-Rio.
Passando pelo timaço dos anos 1970, e todas as conquistas daquela década, o Internacional conseguiu muitas outras conquistas no local, além de amargar doloridos fracassos como o perda do Brasileirão de 1988, frente ao Bahia.
Nos grandes triunfos ainda é possível citar a Copa do Brasil 1992, duas Libertadores da América, além de ter sido a força que impulsionou o Internacional no rumo de volta à Série A.
O Beira-Rio é o único estádio brasileiro a sediar todos os títulos possíveis de um clube, exceto o Mundial de Clubes que historicamente é disputado na Ásia ou Oriente Médio. Foram 32 títulos oficiais até o fechamento do estádio para as reformas da Copa do Mundo.
No Mundial de 2014, no Brasil, o Beira-Rio recebeu cinco partidas:
França 3 a 0 Honduras
Austrália 2 a 3 Holanda
Coréia do Sul 2 a 4 Argélia
Argentina 3 a 2 Nigéria
Alemanha 2 a 1 Argélia
Quatro jogos aconteceram pela fase de grupos e numa das oitavas de final, a Alemanha, aquela mesma do 7 a 1, sofreu para vencer a aguerrida Argélia por 2 a 1, somente na prorrogação.
Com isso, o Internacional passou a ser o único clube brasileiro a sediar duas edições de Copa do Mundo, já que em 1950, o clube cedeu o Estádio dos Eucaliptos para receber partidas daquele Mundial.
A história que começou com a Alvorada Colorada, num domingo de Páscoa com vitória sobre o Benfica de Eusébio, continuou num casamento perfeito entre clube e a casa dos sonhos e nas bodas de ouro, permanece forte e fundamental como foi o Beira-Rio para o Internacional nos últimos 50 anos.
No Arquibancada Móvel deste sábado, o Gigante da Beira-Rio é o estádio da vez, vamos contar todas as histórias, curiosidades, jogos marcantes e narrações que arrepiam de emoção até o mais insensível dos seres. Dê play e curta mais essa viagem por um gigante de concreto.
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