Inexplicável e avassalador Palmeiras

O palmeirense assiste encantado ao ápice técnico, tático e mental de uma equipe determinada, bem treinada e extremamente comprometida com a vitória e o bom desempenho

Pedro Henrique Brandão
4 min readJun 17, 2022
Foto: S.E. Palmeiras

Antes de qualquer coisa sobre a partida, posso me dar ao luxo de deixar um conselho ao amigo e a amiga palmeirense: desfrutem. É sério. O que estamos assistindo é o ponto alto — não é possível dizer se o teto — , de um processo de reestruturação de oito anos e um trabalho que tem sequência de comando há quase dois anos.

Na 12ª rodada, o Palmeiras recebeu o Atlético-GO, que apesar das duas vitórias recentes, luta realmente para se distancia da zona de rebaixamento e permanecer na elite do futebol.

Pelos lados do Alviverde, os três pontos da vitória poderiam isolar o time mandante na liderança da tabela. Além disso, a busca por manter a sequência de 17 jogos sem derrota às vésperas de uma dobradinha de Choques-Rei.

Em campo, o time treinado por Jorginho ousou jogar no campo do adversário. A estratégia se mostrou válida em uma noite de pouca inspiração palmeirense e muita dedicação e entrega dos goianos.

A combinação do jogo sem brilho do Alviverde com a partida de movimentos ensaiados do Dragão resultou no gol contra de Luan após cabeceio de Diego Churín, na marca de 29 minutos do primeiro tempo. Um susto para os mais 35 mil palmeirenses que lotaram as arquibancadas do Allianz Parque.

Estava de volta o fantasma do azarado Luan que assombra todo palmeirense. Em vantagem, o Atlético Goianiense continuava no ataque, mas com as dificuldades de um time que luta na parte de baixo da tabela, o placar seguia inalterado.

Tudo indicava um fim de primeiro tempo de insatisfação para o palmeirense, mas aos 41 minutos, o jogo mudou. O criticado Luan descolou um lançamento de categoria para Gabriel Verón. O garoto dominou e encontrou Zé Rafael — aniversariante do dia — , dentro da área em posição de arrematar com precisão para vencer o goleiro Ronaldo e empatar o jogo.

Pelo desempenho desencontrado até ali, encontrar o empate já era um ótimo negócio para o palmeirense, mas o Palmeiras se encontrou no jogo. Apenas dois minutos depois de empatar, num escanteio cobrado por Gustavo Scarpa, Luan desviou no primeiro pau e Gustavo Gomez só teve o trabalho de escorar para virar o placar.

Na atual fase palestrina, nada é tão bom que não possa melhorar. No minuto seguinte a virada, Verón avançou solto pela esquerda e deu a assistência para Gustavo Scarpa anotar o terceiro gol palmeirense. Uma avalanche palestrina varreu qualquer chance que o Atlético Goianiense poderia ter. Em apenas 3 minutos e 21 segundos, o Palmeiras saiu de um derrota em casa para uma vitória sem sustos.

Atordoado, o time de Jorginho não conseguia manter a posse de bola e o martírio foi completo quando em mais um tiro de canto, Gustavo Gomez aproveitou para balançar as redes adversárias mais uma vez e aumentar seus números de zagueiro artilheiro.

Foto: S.E. Palmeiras

Quando Ramon Abatti Abel apitou o fim dos primeiros 45 minutos, jogadores e torcedores do Dragão deram graças a Deus. Sobre o segundo tempo vale a menção das mudanças no Palmeiras, no intuito de poupar os titulares, mas mesmo assim, os donos da casa souberam administrar bem o placar.

Com Churín aproveitando erro de Weverton na saída do gol, o Atlético Goianiense ainda diminuiu o prejuízo, mas a vitória do Palmeiras já estava consolidada. Vitória, goleada, exibição avassaladora e liderança isolada com três pontos acima do segundo colocado. Esse foi o saldo para o Palmeiras.

Já o Atlético Goianiense vai ter que juntar os cacos do atropelamento, curar as feridas do massacre e seguir seu campeonato particular que é contra o Z-4.

Para o torcedor, o conselho do início do texto segue atual: desfrutem esse Palmeiras. Impensável há 10 anos, o Alviverde joga o mais bonito e letal futebol do Brasil.

Se vai ser campeão de algo na temporada, é difícil dizer, mas é incrível torcer e se deslumbrar por uma máquina capaz de acelerar de 0 a 4 em 7 minutos e 12 segundos.

Num 16 de junho, mas lá em 1999, Zapata chutava para fora e o Palmeiras comemorava seu primeiro título de Libertadores. Exatos 23 anos depois, é a vez do palmeirense torcer, sorrir, se apaixonar e emocionar com o Palmeiras de Abel Ferreira: inexplicável para quem não é palmeirense e que dispensa explicação para quem não tem o verde como a cor do amor.

Que o melhor Palmeiras do século siga imparável para os adversários, assim como foi massacrante nos eternos 7 minutos e 12 segundos de um recital contra o Atlético Goianiense no Allianz Parque.

Foto: S.E. Palmeiras

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Pedro Henrique Brandão

Não sou especialista, escrevo do que é especial pra mim. Futebol além das quatro linhas e um pitaco disso ou daquilo. Minha alucinação é suportar o dia a dia.